Era uma vez uma menina, que nasceu no dia 25 de Outubro de 1982.
Os pais da menina gostavam muito dela… Diz-se até que aquela era a menina dos olhos da família… Era a menina da mamã, do papá, do tio, dos avós, da prima mais velha, enfim…
O que é certo é que a menina ficou com algumas “marcas” da sua infância/adolescência.
De facto, nos primeiros anos da vida daquela menina, correu tudo bem e era tudo muito bonito: bebé sorridente, cheia de miminhos de toda a gente… A bebé foi crescendo e começou a ir para a escola… Continuou a crescer e passou para o ciclo, entrou na natação… Foi criando amizades, teve namoricos… E depois passou para o ensino secundário e a seguir para o ensino superior.
Até aqui, tudo normal, monótono, sem aparente agitação...
No decorrer desses anos, algumas marcas foram vincando a menina… Umas boas, outras nem por isso.
A menina ainda hoje tem saudades da bisavó Nazaré, que a acompanhou nos primeiros anos de escola e a ensinou a orientar-se nos autocarros. Aquela bisavó era uma grande companhia em todos os dias que a menina ficava em casa dos avós, quando vinha da piscina, ou saía da escola… Essa foi sem duvida uma marca bonita na vida desta menina. Elas conversavam, jogavam às cartas, punham creme nívea (aquele da embalagem de lata azul…) nas mãos uma da outra… A menina lembra-se tão bem do pão com tulicreme (que era mais tulicreme com pão) que a bisavó lhe preparava com tanto amor... Enfim, eram grandes amigas.
A menina ainda hoje se recorda com carinho das torradas da avó Lurdes, das papas de fruta com “biscoitos de cão”, das conversas sinceras que tinham… Das vezes que estavam as duas na cozinha e a menina tentava aprender a fazer comida e até dos bolos de água e farinha que a menina pedia à avó para fritar, ou mesmo das tardes em que só fazia bolinhas de sabão...
Os pais da menina gostavam muito dela… Diz-se até que aquela era a menina dos olhos da família… Era a menina da mamã, do papá, do tio, dos avós, da prima mais velha, enfim…
O que é certo é que a menina ficou com algumas “marcas” da sua infância/adolescência.
De facto, nos primeiros anos da vida daquela menina, correu tudo bem e era tudo muito bonito: bebé sorridente, cheia de miminhos de toda a gente… A bebé foi crescendo e começou a ir para a escola… Continuou a crescer e passou para o ciclo, entrou na natação… Foi criando amizades, teve namoricos… E depois passou para o ensino secundário e a seguir para o ensino superior.
Até aqui, tudo normal, monótono, sem aparente agitação...
No decorrer desses anos, algumas marcas foram vincando a menina… Umas boas, outras nem por isso.
A menina ainda hoje tem saudades da bisavó Nazaré, que a acompanhou nos primeiros anos de escola e a ensinou a orientar-se nos autocarros. Aquela bisavó era uma grande companhia em todos os dias que a menina ficava em casa dos avós, quando vinha da piscina, ou saía da escola… Essa foi sem duvida uma marca bonita na vida desta menina. Elas conversavam, jogavam às cartas, punham creme nívea (aquele da embalagem de lata azul…) nas mãos uma da outra… A menina lembra-se tão bem do pão com tulicreme (que era mais tulicreme com pão) que a bisavó lhe preparava com tanto amor... Enfim, eram grandes amigas.
A menina ainda hoje se recorda com carinho das torradas da avó Lurdes, das papas de fruta com “biscoitos de cão”, das conversas sinceras que tinham… Das vezes que estavam as duas na cozinha e a menina tentava aprender a fazer comida e até dos bolos de água e farinha que a menina pedia à avó para fritar, ou mesmo das tardes em que só fazia bolinhas de sabão...
A menina recorda-se também tão bem das vezes que foi à praia com o avô Chico e com a avó Lurdes. A praia de Buarcos, na Figueira da Foz... Das vezes que brincava com o avô no mar, que ia às rochas, que via os barcos, cheios de peixe fresquinho, a serem puxados pelos bois. Foi com o avô Chico que a menina perdeu medo das ondas... Uma vez ele mergulhou-a numa onda grande, ela embrulhou-se e... adorou!
A menina também se recorda bem da quinta e da casa da aldeia da avó Nanda e do avô Augusto… Das vezes que penteou o avô Augusto e lhe fez penteados... Dos dias de férias lá passados, das brincadeiras com o irmão, das tardes no rio, das tardes a jogar à bola ou a aprender a andar de bicicleta… E até das vezes que ia para a terra com o avô e com a tia, correr, mexer na terra e aprender a semear batatas, bem como apanhá-las… E daqueles bolicaos e daquelas bolachas com chocolate que a avó Nanda tinha tanto gosto em dar-lhe…
A menina também se recorda bem da quinta e da casa da aldeia da avó Nanda e do avô Augusto… Das vezes que penteou o avô Augusto e lhe fez penteados... Dos dias de férias lá passados, das brincadeiras com o irmão, das tardes no rio, das tardes a jogar à bola ou a aprender a andar de bicicleta… E até das vezes que ia para a terra com o avô e com a tia, correr, mexer na terra e aprender a semear batatas, bem como apanhá-las… E daqueles bolicaos e daquelas bolachas com chocolate que a avó Nanda tinha tanto gosto em dar-lhe…
A menina lembra-se das férias passadas no parque de campismo da figueira da foz, das brincadeiras com a prima que era como uma verdadeira irmã, das idas à piscina, da amizade forte que fez com uma rapariga a quem chamou "manita"...
A menina recorda-se da enorme cumplicidade que tinha com o irmão, dos segredos partilhados, das zangas que acabavam em mimos, das brincadeiras, da ajuda que lhe dava com tanto amor.
Talvez estas tenham sido as recordações mais fortes, mais positivas, de quando era pequena, mais jovem…
Mas, a menina também se lembra de outras coisas…
Da palmada na boca, que a fez sangrar nos lábios, que levou do pai por ter feito uma letra mal no livro da escola.
Daquela taça de natas do céu, que a menina deixou cair no chão depois de subir as escadas em casa da prima, que fazia anos, e o castigo que levou da mãe: a menina levou umas palmadas e ficou sem brincar a tarde toda (até irem embora). Ficou a um canto, a ver todos os outros meninos e meninas brincarem, correrem, saltarem e estarem a divertir-se, felizes…
Das vezes que ouviu e viu o avô bater na avó… Das vezes que se meteu no meio para evitar coisas más, coisas piores…
Das várias vezes que soube que o tio, de quem tanto gostava como pessoa, batia na sua mulher, nos seu filhos, na sua irmã… Das vezes em que ele, à semelhança do pai dele, se embriagava e se tornava declaradamente violento.
Das vezes em que a mãe a comparou com toda a gente e mais alguma, para dizer à menina que ela era a pior, que fazia tudo pior do que os outros e que os outros e as outras é que eram bons…
Das vezes em que, no fim das provas de natação, a mãe dizia à menina que ela era só uma “tapa-buracos”…
E tantas outras coisas… Como a traição de algumas pessoas mais chegadas...
A menina continuou a crescer…
Na escola era uma aluna média, mas de quem os professores gostavam e confiavam.
A menina era sociável, dava-se bem com os colegas e ajudava sempre toda a gente. Bastava ela notar que alguém estava mal, que ia logo ver o que se passava.
No entanto, a menina tinha um problema com a mãe… Às vezes mentia-lhe, de tanto medo que lhe ganhou… De tantas vezes ouvir que os outros é que eram bons porque tiravam notas mais altas, de tantas vezes sentir que a mãe gostava mais dos outros do que dela, a menina começou a esconder e às vezes a mentir sobre as notas da escola…
Infelizmente, à medida que a menina foi crescendo, as coisas não mudaram muito… A mãe sempre encontrava alguém melhor do que a menina. A mãe sempre que podia desanimava a menina e humilhava-a ainda mais depois de acontecer alguma coisa menos boa.
A menina foi escondendo até os seus sentimentos, com medo que a mãe ralhasse, ou batesse. Tudo tinha de ser como a mãe queria e a menina foi-se diminuindo a si própria a cada dia que passava…
Ninguém se apercebeu de tal coisa… Afinal a menina, andava sempre bem-disposta, pronta para tudo.
Foi catequista, fazia desporto federado… Trabalhava... Tinha bastante gente com quem se dava bem.
A menina continuou a crescer… E muito mais coisas haverá para dizer…
A menina teve um filho e ficou em casa da mãe com ele, pensando até que dali para a frente seriam só alegrias… Mas a menina enganou-se…
A menina foi mais uma vez colocada de parte e deixou de existir… A mãe da menina não a deixou educar o filho, não a deixou ter gostos, enfim… não a deixou ser mãe.
O tempo foi passando e mais mágoas foram ficando…
Hoje a menina tem 29 anos, vive com o namorado que tanto ama e com o filho, que é a pessoa mais importante da vida dela.
Mas vive também com um processo de tribunal “às costas”. A mãe da menina, a partir da data em que ela saiu de casa com o filho para ir viver com o namorado, nunca mais lhe deu paz. Queixas, processos, …
A menina sente que ficou sem mãe, sem irmão, enfim… sem as pessoas que existiam antes.
A menina, hoje mulher, continua com aquele sentimento de criança: para a mãe, todos os outros é que são bons menos a filha. A menina continuou a ser diminuída, pisada e humilhada em tantas tantas situações, pela própria mãe.
A menina, hoje mulher, sente que não tem mãe, sente que é odiada por toda aquela gente que dizia que “esta é a menina dos nossos olhos”.
A menina, hoje, não se recorda de uma frase em que sua mãe lhe dissesse o quanto gostava dela, ou em que a sua mãe lhe referisse as qualidades que tinha… Recorda-se sim, da pancada que levou, já bem crescida com 27 anos, do tio (daquele que foi referido logo no inicio, daquele de quem a menina tanto gostava) e das constantes discussões que a mãe tinha com ela.
A menina continua a lutar pela sua felicidade e irá continuar a lutar para fazer feliz o filho e o namorado.
A menina, hoje mulher, que foi vitima de si própria por não ter a força suficiente para não deixar que a espezinhassem, tem tido muitas pedras no seu caminho… Mas um dia há-de construir um castelo.
Muito mais haverá para contar, sobre os 29 anos passados desta menina… Que, no dia de hoje, teve uma confirmação: pelo menos a mãe e o irmão deixaram de considerar a existência da menina mulher...
Parabéns, menina, por mais um ano de vida.
Talvez estas tenham sido as recordações mais fortes, mais positivas, de quando era pequena, mais jovem…
Mas, a menina também se lembra de outras coisas…
Da palmada na boca, que a fez sangrar nos lábios, que levou do pai por ter feito uma letra mal no livro da escola.
Daquela taça de natas do céu, que a menina deixou cair no chão depois de subir as escadas em casa da prima, que fazia anos, e o castigo que levou da mãe: a menina levou umas palmadas e ficou sem brincar a tarde toda (até irem embora). Ficou a um canto, a ver todos os outros meninos e meninas brincarem, correrem, saltarem e estarem a divertir-se, felizes…
Das vezes que ouviu e viu o avô bater na avó… Das vezes que se meteu no meio para evitar coisas más, coisas piores…
Das várias vezes que soube que o tio, de quem tanto gostava como pessoa, batia na sua mulher, nos seu filhos, na sua irmã… Das vezes em que ele, à semelhança do pai dele, se embriagava e se tornava declaradamente violento.
Das vezes em que a mãe a comparou com toda a gente e mais alguma, para dizer à menina que ela era a pior, que fazia tudo pior do que os outros e que os outros e as outras é que eram bons…
Das vezes em que, no fim das provas de natação, a mãe dizia à menina que ela era só uma “tapa-buracos”…
E tantas outras coisas… Como a traição de algumas pessoas mais chegadas...
A menina continuou a crescer…
Na escola era uma aluna média, mas de quem os professores gostavam e confiavam.
A menina era sociável, dava-se bem com os colegas e ajudava sempre toda a gente. Bastava ela notar que alguém estava mal, que ia logo ver o que se passava.
No entanto, a menina tinha um problema com a mãe… Às vezes mentia-lhe, de tanto medo que lhe ganhou… De tantas vezes ouvir que os outros é que eram bons porque tiravam notas mais altas, de tantas vezes sentir que a mãe gostava mais dos outros do que dela, a menina começou a esconder e às vezes a mentir sobre as notas da escola…
Infelizmente, à medida que a menina foi crescendo, as coisas não mudaram muito… A mãe sempre encontrava alguém melhor do que a menina. A mãe sempre que podia desanimava a menina e humilhava-a ainda mais depois de acontecer alguma coisa menos boa.
A menina foi escondendo até os seus sentimentos, com medo que a mãe ralhasse, ou batesse. Tudo tinha de ser como a mãe queria e a menina foi-se diminuindo a si própria a cada dia que passava…
Ninguém se apercebeu de tal coisa… Afinal a menina, andava sempre bem-disposta, pronta para tudo.
Foi catequista, fazia desporto federado… Trabalhava... Tinha bastante gente com quem se dava bem.
A menina continuou a crescer… E muito mais coisas haverá para dizer…
A menina teve um filho e ficou em casa da mãe com ele, pensando até que dali para a frente seriam só alegrias… Mas a menina enganou-se…
A menina foi mais uma vez colocada de parte e deixou de existir… A mãe da menina não a deixou educar o filho, não a deixou ter gostos, enfim… não a deixou ser mãe.
O tempo foi passando e mais mágoas foram ficando…
Hoje a menina tem 29 anos, vive com o namorado que tanto ama e com o filho, que é a pessoa mais importante da vida dela.
Mas vive também com um processo de tribunal “às costas”. A mãe da menina, a partir da data em que ela saiu de casa com o filho para ir viver com o namorado, nunca mais lhe deu paz. Queixas, processos, …
A menina sente que ficou sem mãe, sem irmão, enfim… sem as pessoas que existiam antes.
A menina, hoje mulher, continua com aquele sentimento de criança: para a mãe, todos os outros é que são bons menos a filha. A menina continuou a ser diminuída, pisada e humilhada em tantas tantas situações, pela própria mãe.
A menina, hoje mulher, sente que não tem mãe, sente que é odiada por toda aquela gente que dizia que “esta é a menina dos nossos olhos”.
A menina, hoje, não se recorda de uma frase em que sua mãe lhe dissesse o quanto gostava dela, ou em que a sua mãe lhe referisse as qualidades que tinha… Recorda-se sim, da pancada que levou, já bem crescida com 27 anos, do tio (daquele que foi referido logo no inicio, daquele de quem a menina tanto gostava) e das constantes discussões que a mãe tinha com ela.
A menina continua a lutar pela sua felicidade e irá continuar a lutar para fazer feliz o filho e o namorado.
A menina, hoje mulher, que foi vitima de si própria por não ter a força suficiente para não deixar que a espezinhassem, tem tido muitas pedras no seu caminho… Mas um dia há-de construir um castelo.
Muito mais haverá para contar, sobre os 29 anos passados desta menina… Que, no dia de hoje, teve uma confirmação: pelo menos a mãe e o irmão deixaram de considerar a existência da menina mulher...
Parabéns, menina, por mais um ano de vida.