sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sentir...

Sentir que se é derrotado por uma pequena e leve brisa...
Sentir que não se sente...
Sentir, sentir, sentir...
Sentir que há algo que aterroriza,
Sentir que muito está dormente...
Sentir, porquê sentir?
Sentir vazio,
Sentir a sensação...
Ter prazer, ter emoção...
Ter amor, ter paixão...
Ter liberdade...
Ter revolta, ter desilusão...
Sentir felicidade!
Felicidade...
Sentir tristeza e alegria,
Sentir-te a ti em cada dia...
Sentir o Sol e a Lua,
Sentir a perda quando se olha para a rua...
Porque amo,
Porque luto,
Porque sofro,
Porque perco,
Porque vivo e assim venço,
Porque sinto...
Sentir, sentir, sentir...
Com garra e sofrimento,
Com o coração no pensamento,
Sinto e acredito
Que sentir é viver
E que eu vivo porque sinto...
Ser feliz?
Não sei...
Sentir, apenas sentir...


Um ano passou, muita coisa mudou...
Sinto que é contigo que quero ficar
Sinto que é contigo que sou feliz
Sinto fervorasamente que sinto!
Estou viva porque sinto e sinto-te a ti!
Cada pormenor está inscrito em mim...
Quero-te!
Amo-te!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cansaço...

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quase

Ainda pior que a convicção do não,
é a incerteza do talvez,
é a desilusão de um quase!

É o quase que me incomoda,
que me entristece,
que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga,
quem quase passou ainda estuda,
quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades
que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perdem por medo,
nas ideias que nunca sairão do papel
por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes,
o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei decor,
está estampada na distância
e na frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "bom dia",
quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem
até para ser feliz.

A paixão queima,
o amor enlouquece,
o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos
para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
o mar não teria ondas,
os dias seriam nublados
e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina,
não inspira,
não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio
que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia
à dúvida da vitória
é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Para os erros há perdão,
para os fracassos, chance,
para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio
ou economizar alma.
Um romance cujo fim
é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planeando...
Vivendo que esperando...

Porque,
embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.


«Luiz Fernando Veríssimo»

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vai Aonde Te Leva o Coração



Um livro que gostei bastante...


"... Sabes qual é o erro que cometemos sempre? Acreditar que a vida é imutável, que, mal escolhemos um carril, temos de o seguir até ao fim.
Tem cuidado contigo. Sempre que à medida que fores crescendo, tiveres vontade de converter as coisas erradas em certas, lembra-te que a primeira revolução a fazer é dentro de nós próprios, a primeira e a mais importante.
E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar.

Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai onde ele te levar..."

terça-feira, 20 de julho de 2010

Abraça-me bem

Levantas o teu corpo cansado do chão.
Afasta esse peso que te esmaga o coração.
Abres uma janela e pergunta-te quem és.
Respiras mais fundo e enfrentas o mundo de pé.

Eu venho de tão longe e procuro há mil anos por ti.
Estendo a minha mão até te sentir.
Não sabemos nada do que somos nós.
Mas sabemos tanto do que muda por não estarmos sós.

Abraça-me bem.

Levantas os teus olhos para me olhar assim.
Procuras cá dentro onde me escondi.
E eu tenho medo, confesso, de dar.
O mundo onde guardo tudo o que mais quis salvar.

Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto.
Não há como saber se o caminho é o certo.
Só pode voar quem arriscar cair.
Só se pode dar quem arriscar sentir.

Abraça-me bem.


Mafalda Veiga

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Vale a pena pensar nisto...



'A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade'.




Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 16 de junho de 2010

*A minha próxima vida*


"Na minha próxima vida, quero viver de trás pra frente. Começar morto, para despachar logo o assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo."



Woody Allen

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pensamento da semana...



"Por vezes, quando se está furioso com alguém, sentar e pensar sobre o problema pode ajudar bastante!!!"


terça-feira, 1 de junho de 2010

Em Louvor das Crianças - Eugénio de Andrade


Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso.
A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.
O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.

Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'


«Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a»


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Eu por Ti - Grupo das Terças

Que tipo de apaixonada é?




É o tipo de apaixonada... romântica! Para si, o amor rima com o para sempre. Vive permanentemente em busca do príncipe encantado e, quando o encontra, já não o larga! Chega a anular-se em função do casal, põe os interesses dele à frente dos seus e adora partilhar experiências com o seu parceiro. Tenha, no entanto, algum cuidado. A vida não é um conto de fadas permanente e existem situações em que é fundamental pensar primeiro em si!

E o meu "príncipe encantado"... és TU!